Lina por Aldo – Afinidades no pensamento dos arquitetos Lina Bo Bardi e Aldo van Eyck

Lina Bo Bardi (1914-92) marcou em definitivo a arquitetura e a cultura do Brasil, com projetos como o MASP e o Sesc Pompeia, em São Paulo, e o Solar do Unhão, em Salvador, reunindo cultura, política e antropologia à arquitetura, tornando-os importantes eixos da vida social e urbana. A italiana naturalizada brasileira pesquisou por toda a vida a arquitetura vernacular e a inventividade do design popular na construção de objetos do cotidiano, incorporando-os a seus projetos arquitetônicos e a seus escritos. Da mesma geração, Aldo van Eyck (1918-99), conceituado arquiteto holandês, projetou o célebre Orfanato Municipal de Amsterdam, assim como centenas de playgrounds públicos para esta cidade. Pensador sobre o papel da arquitetura na cultura e nas sociedades, seu legado se caracteriza por criações humanistas, que promovem espaços de interação urbana.

Em 1969, em São Paulo, Aldo Van Eyck conheceu o Masp e participou de um almoço na Casa de Vidro de Lina Bo e Pietro M. Bardi. Mas apenas em 1994, ao ver a exposição póstuma “Lina Bo Bardi Arquiteto”, em Londres, Aldo foi tomado por um encantamento pelas ideias da arquiteta, passando a dedicar os últimos anos de sua vida a divulgar a obra de Lina, onde via ligações com suas próprias ideias.

Lina por Aldo apresenta fotografias inéditas tiradas por Van Eyck, em 1996, em viagem ao Brasil para visitar as obras de Bo Bardi, além de um texto escrito por ele sobre ela: “Um dom superlativo”. O livro explora as afinidades entre esses dois criadores extraordinários, cujas obras e o pensamento marcaram a arquitetura do século XX. A partir de cinco aspectos essenciais em suas trajetórias, a publicação traz dez ensaios que buscam refletir sobre as convergências e contrastes na obra dos dois: a produção intelectual como escritores e editores de revistas de arquitetura (Mara Sánchez Llorens e Hans Ibelings), o lúdico e o brincar (Ligia Nobre e Gabriela Burkhalter), o encontro com outras culturas (Agnese Codebò e Alejandro Campos Uribe), o envolvimento com a arte (Isabel Sanchez e Jorn Konijn), e os modos de pensar a arquitetura (Francesco Perrotta-Bosch e Marianna Charitonidou). Lina por Aldo pretende, a partir das pistas colhidas e aqui publicadas, dar a conhecer o pensamento de Lina Bo Bardi e Aldo Van Eyck, refletindo sobre o que haveria de mais revelador nesse encontro.

Sobre Lina Bo Bardi

Lina Bo Bardi (1914-92), arquiteta ítalo-brasileira, marcou definitivamente a arquitetura e a cultura do país ao unir o moderno ao popular, incorporando cultura, política e antropologia a seus projetos. Formada em Arquitetura em Roma, chegou ao Brasil em 1946 e naturalizou-se brasileira em 1953. Sua obra, influenciada pela riqueza cultural do país e pela criatividade do design popular, inclui ícones como o edifício do MASP e seu projeto expositivo dos cavaletes de vidro, assim como o restauro do Solar do Unhão (MAM-BA), a Casa de Vidro e o Sesc Pompeia. Bo Bardi atuou também como curadora, ilustradora e cenógrafa, colaborou com o teatro e o cinema, e, em 2021, tornou-se a primeira mulher brasileira a receber o prêmio Leão de Ouro, na Bienal de Arquitetura de Veneza.

Sobre Aldo Van Eyck

Aldo Van Eyck (1918-99), arquiteto holandês, foi notável por sua abordagem humanista e por integrar elementos vernaculares a seu trabalho. Tendo estudado Arquitetura em Haia e Zurique, tinha especial interesse pela “arquitetura sem arquitetos”, inspirando-se em aldeias Dogon, pueblos pré-colombianos e favelas peruanas. Para o Departamento de Obras Públicas de Amsterdam, projetou mais de setecentos playgrounds, tendo sido responsável também pelo emblemático orfanato da cidade. Membro do Team 10, desafiou o modernismo dos Ciams e contribuiu para a arquitetura social em projetos como a Casa Hubertus, para mães solteiras. Espírito livre e curioso, Van Eyck renovou sua arquitetura por mais de meio século, sempre fiel aos princípios de compromisso com a sociedade e atenção à escala humana.

Sobre os organizadores

Isabel Diegues é escritora, editora, tradutora e cineasta. Formada em Letras pela PUC-RJ, organizou as publicações Adriana Varejão: Entre carnes e mares (2010), Pintura Brasileira Séc. XXI (2011), Hans Ulrich Obrist: Entrevistas Brasileiras vol. I (2018) e vol. II (2021) e a coleção Dramaturgia (2012-24), com mais de 100 livros de peças de teatro contemporâneas, entre outros. Como escritora, publicou Diário de uma digressão — Uma viagem ao sertão do Piauí da Serra das Confusões até o mar (2016) e Arte Brasileira para Crianças – 100 artistas e atividades para você brincar (2016) com Mini Kert, Priscila Lopes e Márcia Fortes. Desde 2008, é Diretora Editorial da Cobogó.

Jorn Konijn é doutorando na Universidade de Eindhoven, com pesquisa sobre as exposições de Hannie e Aldo van Eyck. Escritor e curador de arquitetura e design, realizou exposições como o Pavilhão Holandês da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (2011); Bienal de Urbanismo e Arquitetura de Hong Kong e Shenzhen (2013); Bienal Brasileira de Design, Florianópolis (2015). Trabalhou em organizações culturais como a Fundação Holandesa para Artes Visuais, Design e Arquitetura, a Fundação Mondriaan e o SICA. É diretor do Van Eastern Museum, de arquitetura e urbanismo, em Amsterdam.

Ficha técnica
Título Lina por Aldo – Afinidades no pensamento dos arquitetos Lina Bo Bardi e Aldo van Eyck
Organizadores Isabel Diegues e Jorn Konijn
Autores Aldo van Eyck, Agnese Codebò, Alejandro Campos Uribe, Francesco Perrotta-Bosch, Gabriela Burkhalter, Hans Ibelings, Isabel Bairão Sanchez, Jorn Konijn, Ligia Nobre, Mara Sánchez Llorens, Marianna Charitonidou, Marcelo Ferraz, Max Risselada, Paul Meurs
Idioma Português
Número de páginas 400
Editora Cobogó
ISBN 978-65-5691-156-4
Projeto gráfico Haller Brun
Encadernação Brochura
Formato 11,5 x 18,2 cm
Ano de publicação 2024
Preço R$ 112,00